E em labirintos se movem os fantasmas que persigo.
Se não houvessem montanhas!
Se não houvesse montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
e os braços colhessem redes!
Se a noite e o dia passassem
como nuvens, sem cadeias,
e os instantes da memória
fossem vento nas areias!
Se não houvesse saudade,
solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fosse, além
de breve, perdida!
Eu não tinha cavalo de asas,
que morreu sem ter pascigo
E em labirintos se movem
Os fantasmas que persigo.
Cecilia Meireles.
5 comentários:
Os poemas da Cecília têm um embalo muito singular. Discordo - e muito - quando o Pietroforte diz que tais poemas poderiam muito bem ser musicados para que a Sandy cantasse...
"Instante" é talvez o poema mais pop e mas lindo de cecília. Ela trabalha com uma sutileza, há versos que parecem toque de fada. Bom, afora a viadagem, sou fã dela, mesmo!
saudações,
Luca.
ops, não é "Instante", mas "Motivo".
Le poeme est très beau... mas ainda prefiro os seus...
Beijos
=)
Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque a casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede, porque a casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali. Mas era feita com muito esmero na rua Feliz, número zero...
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