15 de jan. de 2008

Um pequeno monólogo para teatro.

São 23h00 e me deu sono.

Mas eu precisava dizer que são 23h, porque são.

Meu relógio diz que são 23h e eu acredito nele.

Segundo o horário de Brasília, são 23h, no horário de verão.

Horas, horas, horas.

Queria um mundo sem relógios.

Sem relógios, sem relógios, sem relógios.

Impontual, impreciso, inesperado...

Sem horas, sem horas, sem horas.

Sem espera. Espera... Espera...

Ainda bem que o que vem sempre é o inesperado.

Não é.
Oras. Que horas são?
Porque repetir, repetir e repetir?

Já são vin-te-três-ho-ras.

E o esperado é que o menino vá dormir.

Vai dormir, vai...


Vai dormir, menino.

Vou, porque já são 23h. Leia bem, vin-te-três.

e três, e três, e três, e três, e três.

É a hora do trem das onze. que passa e faz tchetchec, tchetchec, tchetchec, tchetchec. E o menino, vejam bem, menino, desce. E vai para casa. Porque é tarde, já, tarde, e, coitado, tem, é, tem que.

Vai logo.

Vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai.

Não sei porque tanto esforço em se fazer / me fazer / fazê-lo / fazer ir.

Acho que foi, fui. Estava com sono. E eu não resisto muito ao sono, sabe-como-é.

Isso podia se chamar escalafobético. É, um ótimo nome... Acho que vou estampar em vermelho e verde isso em todas as minhas camisetas e camisas. A minha cara.

Hum, tenho amigos com quem outros termos combinariam melhor.

tem um que seria, Espertalhão. assim, sem artigo nem mais nada, porque ele não precisa. ele é muito bom no que faz.

Ainda bem que, tirando um certo f, a gente não dá nome pros amigos. se desse metade deles não seriam mais, hoje.

Isso se chama psicopatologia. E grave.

Por isso que o menino tem que dormir.


O Menino

Tem

Que

Ir

Dormir

E

Dormir.

E acordar daqui uns anos

Olhar pra trás

E pensar

Como foi bom

Poder dormir

e deixar passar

o sofrimento

da juventude

daqueles anos

que graças a Deus

(e ele acredita)

não voltam mais

a não ser em sonhos

que o atormentam

todas as manhãs

tardes

e

noites.


Então o Pierrot se deita no canto do palco, e inicia-se o primeiro Ato.

7 comentários:

Anônimo disse...

A doença do sono tá grave... eu tô dormindo desde ontem e ainda não acordei... sinto milhares de grãos de areia no meu olho. E, olha só, agora é exatamente 23:00 hs...
Coisas do cosmos...
Quem é o facinho do f???
Bjs

Unknown disse...

desde ontem?

Ah, o f. é fácil descobrir né... rs o único amigo que ganhou "nome"...

bjs

D ... disse...

Ah... que bonito!!!!

Mas deixe de poesia! vá dormir, minino!!!!!

Babi disse...

Aqui eram 2h e eu estava dormindo.

Myriam Kazue disse...

acredite: os sofrimentos de quando se é jovem são terríveis, mas deixam saudade.

com o tempo vai se ficando meio anestesiado a certas dores e se por um lado isso é bom, de outro, acho que passamos a viver com menos intensidade.

aproveite então, as suas dores enquanto é tempo!

Felipe disse...

Não to com vontade de fazer nenhum comentário útil... huahaha... sorry, vou ler o meu livro!

Rafael Asnastasi disse...

É...
São duas e trinta e sete da manhã.
Acho que o sono me pegou! Pois ja devia estar dormindo as onze horas. haha