1 de jun. de 2007

Poder.

A Ocupação. A greve. Os decretos. A parada. Outros fatos entremeados.

Estou cansado, não quero falar sobre nada disso.

Há um helicóptero sobrevoando o outro lado do rio. O rio? Sim, a algumas centenas de metros (500 metros?) está O Pútrido rio, cujos efeitos (aromáticos, artropódicos, hidráulico-inundantes) por sorte não chegam à minha via. A luz do holofote vai criando um cone brilhante nas nuvens de poluição que nos encobrem. A lua tão cheia escondida pelas tantas nuvens, aquele fecho de luz como um grande olho divino sobreolhando a todos os passantes. Todos subvistos como pequenos caracóis no jardim da avó do filme hollywoodiano, prontos para serem pinçados pelos dedinhos habilidosos de alguma criança que lhes jogue sal - terna criança.

Nos prédios os reflexos das rotativas luzes vermelhas da carrocinha humana. Em busca de mais alguma vítima, de mais um culpado, mais alguns coitados à mercê de algum poder.

Poder.

po.der v.t.d. 1. ter a possibilidade, a oportunidade de 2. ter autoridade para 3. ser capaz, estar em condições de 4. correr risco de, expor-se 5. ter força física ou moral, energia, influência para; agüentar 6. direito ou capacidade de decidir, agir e ter voz de mando; autoridade 7. governo de um país, de um Estado etc. 8. possibilidade de fazer certas coisas; capacidade, faculdade 9. vigor, potência 10. dominação, domínio 11. posse, jurisdição 12. virtude de algo produzir determinado feito; eficácia 13. meio pelo qual se vence uma dificuldade, um embaraço; recurso

Se lembra de um professor sobre a mesa dizendo "sim, eu posso"?
Do dedo esguio apontado para a criança: "Você? Você não pode!".
Dos "não pode.", "não pode!", "não pode..."

Nunca pude.

Mas quem confere poder àquele que nos cerceia o poder? Nós mesmos. E esse mesmo poder [12.] também nos é banido, e esse mesmo poder [13.] nos é suprimido, e mais uma vez o poder [1.] passa em branco, afinal, nunca podemos [4.] ser nós mesmos. Nunca posso [6.]. Podemos [2.], mas não podemos [5.]. Quem permite? Porquê, como existe todo esse poder [10.] sobre nossas vidas?

Permitimo-lhes que nos tirem o poder [11.] sobre nossas almas. Posso [8.] parar isso? Não há poder [7.] que pare isso. Não há. Porque nós mesmos conferimos poder àqueles que nos cerceiam poder... E não podemos retomar o poder.

Ainda mais eu...

Eu que não posso,
que não pude...
Que nunca pude.
Não pude...


Nunca pude.
Nunca me permitiram poder.
É como se o poder [6.] não fosse meu.
Como se... Como se eu não pudesse [3.]
O poder nunca foi meu. Nunca tive nenhum dos poderes.


(Sim, este texto está aumentando gradativamente... Não sei se posso fazer isso.)

4 comentários:

Felipe disse...

Gostei muito do seu texto. Ele mostra uma das palavaras mais usadas na língua portuguesa e além de tudo expressa as vontandes, anseios e "poderes" do ser humano.

Abraço!

Phillip

Glauber disse...

Eu posso dizer: ALELUIA! E claro... E o Felizberto lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá! Não é cabível, mas eu posso! (Mas é divertido!)

Babi disse...

Não acredito em coisas como "querer é poder" e tal... mas se você já começa do princípio de que você não pode, aí não pode mesmo.

Thalita disse...

Morrer e MA-tar de fome, de raiva e sede...São tantas vezes, GES-tos naturais...lálá

ah, aposto que todo mundo ficou com essa música na cabeça!
=P