Se meus leitores pudessem ter consciência de alguma verdade sobre mim.
Esperava que tudo o que tem sido escrito e lido, todas as escolhas de fontes e cores, a mistura que mais sinestésica só poderia ser se pudesse trabalhar também com sons e cheiros e movimento (mas aí possivelmente estaríamos tratando de outra forma artística um tanto próxima por ter os textos como base, um tanto distante por unir outras formas como a dança, o canto, artes plásticas) pudesse trazê-los (ou levá-los) a essa uma consciência real sobre essa alguma verdade sobre mim. Essa alguma verdade não é algo que pode ser lido nas capitulares textualmente nem uma tradução literal de qualquer imagem poética que eu possa ter tentado inutilmente utilizar. É uma linearidade de imagens que, como naqueles jogos no qual alguém estabelece uma regra de associação de palavras e os outros precisam descobrí-la, jogando por horas e horas sem notar o tempo passando, tem me trazido escrevendo durante esse meio-tempo. Mas claro, a visibilidade dessas imagens é tão grande quanto a possibilidade de um leitor que me desconhece descobrí-las. Estão presentes não somente aqui, mas em minha própria pessoa. Eis uma grande questão para os colegas, todos. É uma grande questão para mim mesmo, pois permitir que se disponibilizem visualmente dentro de meu curtíssimo e desprovido de criatividade espectro de ações é de grande dificuldade. No entanto, a manutenção disso é algo que preciso, ainda que virtualmente - no sentido artificial da coisa, não falando na grande-rede - manter. É uma busca idiota, isso é certo, e talvez por isso exista tanta alegorização, afinal, se eu tenho algo em minha mão e abro, esse algo cai e se quebra, eu me ajoelho e tento pegá-lo - esse algo já de desfez - e, ao invés de como um oleiro que toma nas mãos um vaso quebrado e restaura-o tentar restaurar também isso que era meu e tão somente meu, tão interno a mim e tão parte de mim, simplesmente agi como o bom homem moderno que sofre, mas caminha seriamente como se fosse apenas mais um vaso quebrado, com toda a seriedade moderna de quem já se acostumou às perdas. Um chef de cozinha tem por estimação sua colher de prata, suas panelas, seus equipamentos. Um bom chef de cozinha tem ainda suas receitas, guarnições e toques mais bem estimados. E não é assim para a vida? A diferença é que de pouco importa se eu guardo como minha vida o segredo do tipo de abobrinha certa para um Minestroni se eu não tiver para quem cozinhar. A sutil escolha de palavras é essencial, e talvez se a escrita fosse somente para aqueles os quais não se permitiram ainda alguma convivência com esse que outrora foi conhecido como crítico, o controle de palavras - tal qual como o clássico catar feijão, para manter as metáforas gastronômicas - poderia ser feito mais à revelia.
Fiz um rol de palavras proibidas e lá escrevi "..." . Em seguida inseri tudo o que tinha relação paradigmática - como se pudesse definir um critério semântico - até me afastar do que pudesse ser ligado diretamente a essa primeira constelação. mas em níveis secundários, tudo leva a um único e insubstituível sintagma que podia ser transformado em setilhas, redondilhado-maior, sete, sete, sete, sete... 9.000 x 7.
Imagino um círculo com diversos traços circunscritos. Todos, invariavelmente, diagonais. Sete em cada direção. 45x7, 135x7, 225x7, 325x7. O breu os afasta. Vasos quebrados. Pedras preciosas. Irmãs. Esboços de abstrações se repetem em minha mente, sete vezes, como uma se houvesse uma cantiga escondida atrás das letras, cantada por um coro infantil de trinta e nove vozes:
Fiz um rol de palavras proibidas e lá escrevi "..." . Em seguida inseri tudo o que tinha relação paradigmática - como se pudesse definir um critério semântico - até me afastar do que pudesse ser ligado diretamente a essa primeira constelação. mas em níveis secundários, tudo leva a um único e insubstituível sintagma que podia ser transformado em setilhas, redondilhado-maior, sete, sete, sete, sete... 9.000 x 7.
Imagino um círculo com diversos traços circunscritos. Todos, invariavelmente, diagonais. Sete em cada direção. 45x7, 135x7, 225x7, 325x7. O breu os afasta. Vasos quebrados. Pedras preciosas. Irmãs. Esboços de abstrações se repetem em minha mente, sete vezes, como uma se houvesse uma cantiga escondida atrás das letras, cantada por um coro infantil de trinta e nove vozes:
Love, love, love, love, love, love,
Love, love, love, love, love, love,
There's nothing you can do that can't be done.
Nothing you can sing that can't be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game... It's easy...
All you need is love... All you need is love...
All you need is love, is love... Love is all you need.
(repeat 7x)
4 comentários:
Ao ler este texto que tu fizeste, letra a letra, linha a linha, parágrafo a parágrafo, crítica a crítico, lembrei de uma postagem antiga minha, sobre esse mistério sobre a nossa própria verdade. Aquela antiga música do Pato Fu, EU, em seu refrão diz algo extraordinário: "Eu queria tanto encontrar uma pessoa como eu..."
Mais que "eu"! (Não que este não seja coerente o suficiente...)"...".
Diria querer (ocularmente) despedaçar e (pela matéria ferida) tocar o invisível / intácto para depois montar (-te) novamente e ser o que nunca serei: sabedor.
Puxa, Fê.
Há um certo tempo não visito seu blog. Perdoe-me o desleixo.
Bem, o que há é que continuo instigado pelas coisas que você escreve. Esse texto, por exemplo, é, em sua essência, incomum. Não é sempre que encontro textos em que pessoas falam de si com tanto desembaraço.
saudações.
Já li o texto, é prolixo e complexo como vc! está realmente a sua cara.
A música ameniza o tom do texto, deixa-se o leitor com aquela lembrança bonita do amor.
Obs: tenho pensado mto nessa música!
Abraço!
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