3 de dez. de 2007

Áporo: A Revista da Letras

Acontecerá essa semana (06/12) o lançamento da Revista Áporo a Revista da Letras. Enviei um texto... Mas para quem lê assiduamente o blogue... Já devem tê-lo visto... Alí. Sépia.

Para as próximas edições - parafraseando o pessoal da Revista - ...Enviem seus textos...!


Ali. Sépia.

Quando minha mão
corre em teus cabelos
há um desejo imenso
de ficar ali.

Paisagem,
sépia.
Vermelho,
prata.

Porque será que esses
minutos-segundos
passaram tão rápido
e eu fiquei ali?

Paisagem,
preto e branco,
neve. Nuvem.

Porque ainda seus olhos brilham com aquela mesma força?

Paisagem,
leve. Morna.
Beijo de vento.

Aquele dia,
à meia luz,
a meio-olhar,
em meio ao nada
em movimento,
eu senti que a porta paulatinamente se fecharia para mim.

Se fechou, se foi.
E eu continuei ali.

Mas ainda o vermelho e o prata são os que melhor combinam contigo nestas fotografias.

Sépia.

2 comentários:

Anônimo disse...

O.O

Que lindo Fernando!
Lindo, encantador, envolvente!

Adorei! Parabéns...

Anônimo disse...

A CHEGADA DO AMOR


Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

ELISA LUCINDA, 50, é escritora, professora universitária, atriz de teatro, televisão e cinema.