20 de out. de 2007

Palavra.

Senti uma dor tão grande que se pudesse gritar minha garganta se dilaceraria em mil partículas. E seria pouco. É uma dor uma mistura de tudo. A dor de sempre, mas tão mais intensa! Não há morfina que resolva a dor-da-mistura-de-tudo. Ela começa nos ouvidos, vai se entranhando, chega aos olhos fazendo-os se fecharem, as mãos vão aos olhos, amparam-nos enquanto a dor desce, amarrando a garganta e fechando os pulmões de alumínio. Estes são amassados, triturados, pressionados, até serem transpassados pela palavra que destruiu os ouvidos. A dor, tão grande, pesa nas costas, contrai os ombros, trava o tórax. Talvez se me abraçasse a mim mesmo esse toque transformaria as articulações travadas num grito, a plenos pulmões. Esse sufoco almado seria expelido num berro desesperado e mal-articulado que tomaria todo meu ser, com todas as forças restantes concentradas num movimento de extração, refluxo, libertação!

Não tenho voz para isso.

Esse grito não sai, essa dor, não sai.

Não sai.

4 comentários:

Maíra Scalco disse...

Fer... nem preciso perguntar se está tudo bem.
Fiquei com "medo" de ligar... de talvez não conseguir evitar alguma coisa que não sei exatamente o que é... mas é. Às vezes não gosto do meu sexto sentido.
Liguei, ninguém atendeu.

Eu estou aqui. Se precisar.

Má.

Babi disse...

E se gritarmos juntos e ficarmos em silêncio juntos? Será que ajuda? Será que passa?

Felipe disse...

�s vezes � bom n�o ter voz para falar e reservar o que est� dentro de ti. Nem sempre falar � um bom rem�dio. Reservar algumas coisas � sempre bom.

Abra�o!

Phillip

Anônimo disse...

Meu Deus... o que aconteceu?